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Thursday, September 09, 2010

Playing with a Devil that Smiles like an Angel...

Não estava a perceber nada.

Um casamento, uma viagem ao melhor estilo rewind, um furo e... um tiro de sorte quando atendi o telemóvel. Afinal ias cumprir o combinado e aparecer, apesar de, nessa noite, os Deuses estarem a brincar no tabuleiro de Xadrez da tua vida...
Pensei que tinhas desistido e depressa abandonei a ideia de sair de casa. 
Com o passar dos anos - e das diferentes companhias e profissões - a minha preguiça de ascendência monástica tornou-se cada vez mais inimiga da imprevisibilidade. Num desafio à mudança de curso na minha rota, fui mais forte e derrotei a moleza gratuita para saborear o sal e a pimenta da tua vinda e também pela tua persistência numa noite tão cheia de ameaças de xeque-mates, prontos a venceram os teus sentidos.

A senhora do GPS não percebia nada do assunto e ignorava o que estava nas estrelas dessa noite. Tentou também quebrar o pacto do Homem, mas não conseguiu... Tecnologias à parte, a persistência vence quase sempre todos os entraves colocados no caminho.
Ao mesmo tempo que tentava convencer-te que a ingrata do GPS te traía, pediste-me para levar o Bikini vestido, como quem dá mais uma dica sobre o percurso. Bloqueiei e baralhei ainda mais a tua orientação, já que tu também tinhas baralhado a minha. Perdi-me. Perdeste-te. Bikini, às 11:30 da noite??
 
Por um estranho motivo conseguiste encontrar-me. Por um estranho motivo, fui mesmo vestir o bikini e trocar a roupa que tinha vestida pela de praia. 
Rumámos em direcção ao mar. Só queriamos uma esplanada divertida para encontrar o resto da matilha e beber um café gelado, um mojito, uma morangoska, uma caipi-black, ou - qui çà - um cosmopolitan com uma folha de hortelã. Qualquer coisa gelada...
Fomos para o local errado... ou certo, não sei bem. 
O silêncio era de facto de ouro. Ouvia-se o mar e apenas algumas vozes. Faltava o turbilhão da música e a confusão de vozes e risos por entre copos a tocarem-se em brindes a tudo e a nada.
Afinal estava fechado, e saíam os últimos convidados de um jantar privado. Wrong Spot!
Agarraste-me a mão e levaste-me pelo areal para ver se seria no bar ao lado. Talvez! Muita gente lá dentro, mas o acesso à praia vedado!
Talvez fosse ali! Havia espreguiçadeiras e chapéus de palha no areal deserto, onde apenas o mar, as estrelas e a lua testemunhavam o nosso desespero em encontrar o tal sítio para beber alguma coisa e nos fixarmos... a conversar.

Já descalços, experimentámos a temperatura das primeiras ondas, as pequenas, muito pequeninas, as que chegam limpinhas à beira mar e desmaiam no areal vencidas pelo cansaço de terem sido grandes.
Estava morna! E num instante... num abrir e fechar de olhos, mergulhámos de cabeça, resilientes, porque seria bom demais para desperdiçar...
Lá dentro a música continuava, mas nós dançavámos com as ondas e ouviamos as baladas dos búzios, das conchas, enquanto bebiamos a água salgada mais fresca e doce da vida...

Soltaram-se balões iluminados pelo céu estrelado e ouviram-se risos, aplausos e música mais alta. A festa estava no terraço do Lounge de praia e finalmente podiamos tentar beber algo menos desconc'ertante, less... salty.
Ainda meio molhados, eu vesti as minhas calças indy verde-lima e o top de malha, que em nada combinava com a tua camisa de beto rebelde. 
A festa estendeu-se à praia e nós estendemos os nossos tentáculos à festa, de forma maliciosa e descontraída. Um casamento, afinal! Penetras, intrusos por completo, em mais uma festa privada, animada, em que ninguém parecia dar por nós ou inquietar-se com a nossa presença bizarra e... encharcada! 
Não era a nossa tribo, mas sim um mix de espanhóis e portugueses que se uniam pelo amor dos noivos de países vizinhos. 
Mesmo depois de me desafiares para dançar uma "espanholice" que passava em grande ritmo e me roubares algum sal dos lábios, não conseguimos uma bebida, mas a gentileza foi tremenda e saimos com garrafas de água gelada oferecidas pela gerência em busca de outro spot, onde não nos sentissemos intrusos, apenas... confortavelmente desconhecidos.

Outra praia. Chegámos, finalmente... Onde?... Para onde íamos?... Só a imprevisibilidade dos Deuses que comandavam o jogo de xadrez sabiam qual a jogada seguinte. 
Limitámo-nos a seguir os ritmos da música, o sabor do Black Vodka com gelo e a (con)fusão da multidão turva e embaciada, o suficiente para nos inspirar pelo resto da noite...

Não estava a perceber nada... mas não me apetecia perceber...

Love...
Take care.
Birdie

3 comments:

Miguel Costa said...

Muito bom! ela escreve! Não sabia era que gostavas de betos?

Miguel Costa said...

Muito Bom Birdie!

Ao contrário do Sometimes, aqui foste genuína e original, n sei se sonho ou realidade, mas sente-se que isto és tu!
No Sometimes, procuraste encaixar chavões sonoramente agradáveis aos teus sentimentos...
Resultado, aqui tens uma crónica tua, original, fresca, feminina, cheia de entusiásmo...
A outra estava mais djá vu.
Parabéns! Serei um seguidor das tuas crónicas, com um bocadinho de sorte e de atenção, até aprenderei alguma coisa sobre o compicadíssimo universo feminino... e tirarei notas sobre romantismo :)

beijo!

Birdie Bradshaw said...

Olá Miguel!
Obrigada pela tuas palavras... encorajadoras, no sentido de eu continuar a escrevinhar umas crónicas "femininas"... :)

Espero que possas aprender muito.
No entanto, e respondendo à tua dúvida pertinente e quase filosófica... não, eu de facto não gosto de betos... :)

Cordiais cumprimentos, seguindos de um beijo,
Birdie ;)

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