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Tuesday, September 21, 2010

Amor ao Microscópio - Parte 1

"Não só somos o que amamos e não o que nos ama, mas também a forma como o fazemos. E se o fizermos enchendo cada minuto com sessenta segundos de esforço, o mundo será nosso." - Kipling & Nuno Amado

Quando pensamos no poder que o Amor assume na nossa Vida, sentimos pensarmos muito, que é a coisa mais importante da nossa existência. Pode refazer uma vida e deixar-nos com um sorriso enorme na cara ao perceber que, com o passar do tempo se encontrou um companheiro/a com quem concretizar alguns sonhos, fazer planos e quem sabe gerar uma família. Mas o mesmo Amor também pode desfazer uma vida por completo... Poucas dores doem como a do amor não correspondido, as da traição, do abandono e as da morte de quem se ama.

Por ser uma questão essencial à Vida humana, o Amor é complexo e coloca-nos sempre muitas perguntas, principalmente (mas não só, claro) a quem não está numa relação: porque amamos? Porque escolhemos, muitas vezes, as pessoas erradas e repetimos o mesmo padrão? O que fazemos - ou temos feito - de errado? O problema é meu ou do outro?... E o rol de perguntas poderia continuar.

Vou tentar dar-vos a minha perspectiva sobre eventuais respostas a estas questões com base no que tenho lido e investigado sobre esta "poção mágica" que nos toma de assalto o Coração e nos transforma a Vida - para o bem ou para o mal.

Desde os primórdios que se analisam, estudam e se tentam "avaliar/padronizar" os relacionamentos. Desde Filósofos, Sociólogos, Antropólogos, Psicólogos, especialistas de todas estas áreas têm tentado descobrir os segredos do Amor. Apesar dos avanços das últimas décadas e, mais recentemente, com a evolução da Neurociência, continuamos muito aquém do que seria desejável, embora proliferem livros, teorias e estudos sobre o tema.

Porque Amamos?
Não existem respostas a esta questão que parece tão básica e cuja resposta nos é tão essencial.
Há um conjunto alargado de teorias e muitos pressupostos baseados em observações ao longo de décadas por especialistas como Erich Fromm, Maslow, Dion & Dion, Greenfield, Sternberg, Helen Fisher, Nuno Amado, entre muitos outros.
Vou resumir ao máximo grande parte destas teorias - ou as mais importantes - apenas porque são interessantes para entender os artigos seguintes.

Afinal, o que é o Amor e quais as razões que nos levam a amar?
  1. Para alguns autores, pela Inadequabilidade e Adequabilidade Pessoal (IP vs. AP) e que para Maslow significa Amor Défice e Amor Dádiva (ADf vs. ADv), respectivamente, mas em que ambos há uma certa associação da paixão à loucura. Em resumo, falamos dos que vêem o amor como uma forma de dependência na qual a pessoa se sente incapacitada, incompleta ou inútil sem a pessoa amada (IP e ADf) - também descrito por autores como Norman Norwood entre outros, como pessoas que Amam Demais. Muitos defendem que esta dependência está associada à vinculação da primeira ligação afectiva entre a mãe e o bébé. Por outro lado, na face positiva desta moeda, o amor é visto como "um fenómeno saudável e natural" (Nuno Amado), sem preocupações neuróticas e exaustivas (AP e ADv).
  2. Greenfield defende que o amor é uma Norma Social. Um comportamento complexo cuja função é motivar os indivíduos a ocupar as posições de marido-pai e esposa-mãe, a fim de formarem famílias nucleares para manter a estrutura da sociedade. E a "compensação" por tudo isto é... o amor romântico
  3. Ainda há os que defendem que o Amor é uma Excitação Fisiológica. Não mais do que a síntese de alguns estudos dos quais se retira que o indivíduo crê que é o membro atractivo do sexo oposto que se torna na sua fonte de excitação, iniciando-se o processo que poderá levar a pessoa a apaixonar-se. Não é claro, e não se sabe como é que este equívoco perdura...
  4. Finalmente, para terminar... existem os defensores de uma teoria mais recente que se baseia na Perspectiva Biológica-Evolutiva. Por ser uma explicação demasiado longa vou ser muito sintética. Basicamente, esta perspectiva do Amor baseia-se na evolução que o cérebro e o corpo humano têm vindo a sofrer ao longo de milhares de anos para "resolver problemas" evolutivos, o que significa viver o suficiente para ter filhos que, por sua vez, possam viver o suficiente para ter filhos. O que se traduziria em relações de amor romântico programadas para obedecer ao limite biológico de 4 anos (altura em que as crianças já se teriam desenvolvido, passando a não ser essencial a presença dos dois progenitores para proteger a sua subsistência).
Entre todas estas teorias, a Perspeciva Biológica tem vindo a ganhar algum fundamento prático - não que as outras não tenham, mas remetem para argumentos mais teóricos.
A verdade é que se encararmos o amor apenas como um objectivo último para a reprodução e a manutenção da estrutura social, onde fica a Paixão e essa coisa a que chamamos de "química"?!

Deixo-vos com água na boca - espero - porque a melhor parte vem a seguir, no próximo artigo, que pretende deixar algumas luzes acerca da questão acerca do amor e porque razão amamos. Mas este enquadramento pareceu-me importante...
Em compensação, hoje deixo não uma mas DUAS versões do vídeo de uma das minhas muitas favoritas músicas de Peter Gabriel... Enjoy.

Love,
Take Care,
Birdie



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