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Tuesday, September 21, 2010

Amor ao Microscópio - Parte 2

Depois de termos "sobrevoado" algumas das mais importantes Teorias acerca do Amor - o que é e porque razão amamos - poderiamos resumir que, com mais ou menos deduções, com diferentes nomes atribuídos a estados e formas de sentir, podemos então concluir que de facto a Evolução Biológica é um dos motivos mais intrínsecos a esta questão porque reside nas nossas células, no nosso inconsciente colectivo referido por Jung, que acumula todas as vivências e evoluções ao longo dos séculos, por parte dos nossos antepassados. 

Quanto à forma como amamos, também se conclui que há indivíduos mais dependentes do sucesso da relação do que outros, mais ou menos controladores e manipuladores, os que amam demais e os mais equilibrados que sabem dosear o Sal e a Pimenta nas relações, nas quantidades que, para o seu gosto, são o apropriado.

No entanto, creio que se sente aqui um gap entre a Teoria da Evolução Biológica, inerente à especie humana, e os tipos de relações mais ou menos equilibradas. Falta compreender porque amamos ou como chegamos ao ponto de sentir algo tão forte como o tal Amor... seja demais, ou "demenos", mais ou menos distante, ou porque tendemos a cair nos mesmos padrões de relacionamentos que só nos trazem caos e infelicidade, relação após relação.

É aqui que entra o meu especialista preferido - Sternberg - e também Helen Fischer, sendo que Sternberg consegue ser mais completo e consistente nos seus estudos e conslusões. Sternberg criou a Teoria Triangular do Amor. Parece um modelo demasiado matemático, mas... não é bem assim. :)
Nesta Teoria, refere-se que o Amor pode ser compreendido (e empreendido) por três componentes: Paixão, Intimidade e Compromisso. Estas, compõem um triângulo com a seguinte disposição:




Muito rapidamente, gostaria apenas de resumir o que se entende por Paixão, Intimidade e Compromisso, porque tendemos a confundir estes conceitos.
De acordo com Sternberg, a Paixão é um conjunto de impulsos que conduzem à atracção física, ao romance e à consumação sexual. Envolve elementos como o desejo, o pensamento único naquela pessoa, a idealização e adoração. Mas a Paixão vai além do aspecto carnal. Envolve elementos como a auto-estima, a dominação ou submissão, ou ainda a vinculação.
No que respeita à intimidade, esta refere-se ao sentimento de ligação estreita, próxima e conexção existente numa relação, permitindo experienciar proximidade e o privilégio naquela relação. Dar e receber apoio emocional, estimar e valorizar a pessoa amada, sentir-se feliz com esta e querer promover o seu bem-estar, sentir que ambos comunicam e se compreendem e sentem o desejo de partilha. Grandes e pequenos gestos, conversas mundanas e trocas de segredos, são alguns dos elementos que compõem a Intimidade. Exige mais tempo, não surge à primeira-vista, e geralmente implica passar tempo com o outro. Aos poucos, esse outro, deixa de ser um estranho e passa a ser muito familiar, fazendo parte dos nossos dias e da nossa vida. A Intimidade requer interacções frequentes e acima de tudo, confiança e respeito.
No que toca à Decisão/Compromisso, Sternberg refere-se que a curto-prazo surge a decisão de que se ama um outro e a longo-prazo, o compromisso de manter esse amor. Estes dois aspectos não surgem, necessariamente, juntos.


Bom, voltando ao nosso Triângulo... Imaginem agora misturar estas três componentes e analisarmos os vários tipos de amor que surgem deste mix (que por sua vez, têm a sua explicação com as descrições acima referidas). Sternberg, propõe assim oito tipos de Amor, num triângulo de variantes emocionais:



Para começar por um dos extremos... se não existe Paixão, nem Intimidade, nem Compromisso, não existe Amor. Sternberg chama-lhe o Não-Amor.
Se existe apenas Paixão, trata-se de uma Paixoneta: nada sabemos sobre a pessoa, mas a atracção é forte e não pensamos noutra coisa.
Se é Intimidade que existe: gosta-se. Existe afinidade, o prazer de passar o tempo na companhia dessa pessoa acompanhada da sensação de que ambos se conhecem bem. Passeia-se, vai-se ao cinema e toma-se café sem nunca haver o impulso para um beijo. É uma amizade, simplesmente.
Se apenas existe Compromisso: estamos na presença de um Amor Vazio. Já não existe - ou nunca existiu - afinidade e/ou paixão. O típico casamento de fachada.
Entre outros tipos de amor que cruzam estas componentes, vamos passar ao extremo- oposto do Não-Amor: a beleza do Amor Consumado, no qual existe Paixão, Intimidade e Compromisso. Deseja-se, conhece-se e quere-se viver com aquela pessoa.
E este é o quadro de Sternberg que permite conjugar todos estes aspectos para perceber que tipo de relação queremos, temos ou na qual nos estamos a envolver:

 

Se perspectivarmos as coisas no Tempo - e uma vez que as relações estão em constante mutação, como tudo na vida - as formas do triângulo de cada um vão alterando, em função de dois aspectos: Quantidade e Equilíbro de Amor.
Diferenças na Quantidade traduzem-se na dimensão do Triângulo, enquanto o Equilíbrio é representado por diferentes formas do Triângulo.

Para terminar, o psicólogo Nuno Amado concorda com estas Teorias, e é também um adepto de Sternberg, mas sugere uma subdivisão da Paixão que me parece fazer todo o sentido. Defende que a Paixão pode ter resultados distintos: o Desejo e o Fascínio. E vai mais longe, fazendo uma analogia muito interessante entre os quatro Elementos propostos pelso Gregos e estes quatro aspectos: o Desejo equivale ao Fogo, o Fascínio ao Vento, a Intimidade à Água e o Compromisso à Terra. 
Para quem estuda Astrologia, isto fará muito sentido. :) Mas este tema, daria um outro artigo... 
E é desta forma que Nuno Amado - e eu, humildemente, subscrevo - propõe que pense sobre estes quatro aspectos para compreender a sua presença numa relação:

Fascínio: Até que ponto estou encantado/a por..............?
Desejo: Até qu eponto sinto atracção por.....................?
Intimidade: Até que ponto me sinto que conheço...............e ele/a me conhece?
Compromisso: Até que ponto sinto dedicação a................e à nossa relação?

Acredito que a visão de Sternberg contribuiu para um maior entendimento - pelo menos da minha parte - dos motivos e aspectos do Amor. Todavia, não responde a tudo porque o Amor será sempre um grande mistério...

Love, 
Take Care, 
Birdie

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