Acordei cedo... muito cedo, até. Às 4 da manhã deixei de ter sono e fui invadida por mil pensamentos confusos e dispersos.
Por vezes tentamos entender coisas que não estão ao nosso alcance. Faltam ingredientes em acontecimentos incoerentes, em restos de conversas, em histórias inacabadas ou mal contadas, em dúvidas prementes que não podem ser confrontadas àquela hora em que o nosso espírito se inquieta...
Às 4 da manhã eu queria entender o meu mundo e o dos outros. Tarefa dura para realizar de madrugada ou a qualquer outra hora... Uma missão impossível quando, entendedo aos poucos o que se passa no nosso pequeno mundo, necessitamos de respostas mais completas para tomar decisões importantes, respostas essas que estão em outros mundos... inacessíveis.
Cansada de estar deitada sem dormir, sentei-me na cama e recostei-me nas almofadas, enquanto olhava para o meu quarto e depois para os meus braços e mãos, sentido, talvez a necessidade de me sentir real, eu mesma, de carne e osso e não apenas um novelo de pensamentos que me percorriam a alta velocidade...
Respirei fundo ao mesmo tempo que senti o prazer e reconheci os motivos que me levaram a ter sempre várias e grandes almofadas na cama. Gosto efectivamente de almofadas. Amparam as nossas quedas, são boas conselheiras, excelentes para uma pequena "guerra" de almofadas em que tudo acaba bem e também porque nos aconchegam quando - no meio do turbilhão - precisamos de um abraço, apenas, e não o temos em nenhum armário da casa. Infelizmente ou felizmente, ainda não se encontram à venda nas lojas de Conveniência, abertas 24 horas por dia.
Ao aconchegar-me nas almofadas e sentido o toque macio e limpo no meu corpo, entornei-me numa sensação de tranquilidade e paz, apesar dos pensamentos intensos. Agarrei no livro que estou a ler e abri na página onde está o marcador vermelho. Não li. Olhei para as palavras sem as ver. Queria um ponto de focagem e só o encontrei ali. Olhei para a página e nada li. Pensei apenas, focada na página em si e soltando aos poucos os intrusos que me invadiram a meio da noite. Aos poucos, fui libertando um a um e meditando um pouco desliguei de todos eles porque deixaram de ser importantes naquele momento. O foco era a página do livro, era eu mesma. Porque a ansiedade estava em mim, necessitava de a libertar. TInha passado uma hora e meia. Coloquei o livro de lado, enrrosquei-me numa das almofadas, apaguei a luz e deixei-me ficar... serena, segura, cansada, mas em paz comigo.
Há coisas que, provavelmente, nunca iremos entender. E nesse caso, o melhor que há a fazer é deixá-las partir em paz. Acredito que o Universo é sábio, mas também acredito profundamente que somos nós que escolhemos o nosso caminho e ditamos, hoje, o nosso amanhã. Não podemos mudar os outros, somente a nós mesmos.
Quando já nos conhecemos um pouco melhor e sabemos o que queremos - mas acima de tudo, o que não queremos - a decisão de nos libertar de certos pensamentos, pessoas, coisas, momentos ocorre de forma lenta, mas tranquila. O caminho não é fácil e é lento. Mas sabemos que Hoje estamos a dar novas oportunidades ao nosso Amanhã, caminhando no sentido do que queremos e ambicionamos para a nossa Vida.
Estou no meu caminho, segura, serena, e no mesmo sítio de sempre, onde permanecerei enquanto me conhecer assim: consciente e fiel a mim mesma, tentando sempre dar o meu melhor em tudo o que me é querido e importante. Só isto importa...
Entrelaçada na almofada, senti-me pousar lentamente nos braços de Morfeu...
Estou no meu caminho, segura, serena, e no mesmo sítio de sempre, onde permanecerei enquanto me conhecer assim: consciente e fiel a mim mesma, tentando sempre dar o meu melhor em tudo o que me é querido e importante. Só isto importa...
Entrelaçada na almofada, senti-me pousar lentamente nos braços de Morfeu...
"One Needs to be Slow to form Convictions..." - Mahatma Gandhi
Love,
Take Care.
Birdie
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