A noite estava abafada...
Preferi andar um pouco a pé, antes de ir para casa.
Vagueei no meio de tanta gente e ninguém, sem nada sentir.
Apenas me acompanhava uma dor na garganta seca. Não era a dor de garganta comum que geralmente anuncia uma gripe, nem tão pouco aquele arranhar, depois de tanto cantar ou gritar de alegria ou de raiva. Eu permanecia em silêncio há vários dias. Apenas soltava umas frases feitas, palavras de circunstância, servidas por um sorriso cordial e amarelado como o Sol encoberto. "Palavras-chave" decoradas, que me permitiam continuar fechada na minha paz apática, sem que isso pudesse ser entendido pelos demais, em meu redor.
Aquela dor era diferente... conhecia-a bem, e sei o quanto é difcíl de curar... Mas não a esperava. Apanhou-me de surpresa, pensando eu que já tudo tinha passado. Sim, porque há sempre coisas que se devem deixar passar... Ao lado ou de preferência, bem ao longe!
Conhecem aquela sensação de pescoço apertado, totalmente asfixiante, à medida que se vai sentido menos espaço para o ar passar? O pescoço e a cabeça entorpecem e sinto-os muito pressionados. O rosto vai ao rubro, e a boca, na tentativa de expulsar qualquer coisa que parece estar ali a mais e algures, quer soltar-se em busca de ar! Mas não sai nada. Nem palavras, nem sons. O que parece exaltar-se são os olhos. O que não se solta pela boca e nos entope a respiração, invade os olhos, torna-os baços, vermelhos e rígidos, enchendo-os de grossas gotas de água salgada.
Foram os primeiros sintomas. Muito fortes e intensos.
Senti-me sufocar...
De repente... numa vertigem olhei na direcção do céu, para tentar respirar melhor, erguendo o meu pescoço, como quando nos sentimos a afundar no meio do mar.
No fundo talvez fosse isso mesmo... afinal, se andava náufraga de mim mesma, talvez me estivesse a afogar, naquele momento. Se calhar tinha perdido todas as forças, sem perceber... Quando a apatia nos invade, não se sente nada, porque o vazio é de tal forma gigantesco que apenas se ouve o eco do turbilhão do mundo exterior. Não resta mais nada.
Tossi, e consegui respirar de novo! Como quando algo nos puxa para voltar à tona de água.
Mas o aperto voltou novamente. A intensidade ia oscilando...
Reparei que o céu mostrava muitas nuvens em tom arrosado escuro, tipicamente vestidas para um início de noite de Outono, a adivinhar chuva.
Lentamente, as nuvens deslocavam-se e encaixavam-se umas nas outras formando um manto espesso que parecia também impedir o ar de circular, ao mesmo tempo que tornava o ambiente ainda mais quente...
Cheguei a casa.
Abri as janelas rasgadas que me enchem de vida quando respiro fundo e olho para o Rio que se mistura com o Mar, o pequeno jardim cuidado, a ponte ao longe com as luzes pequenias a reluzir, como que rindo do seu reflexo na água...
No meu quarto brilhava o Crescente. O quarto da Lua, que com a sua luz singela me ajudou a acender as duas velas aromáticas.
De repente... fui apanhada de surpresa por um clarão gigantesco que iluminou toda a cidade. Pelo menos todo o pedaço de cidade que consigo ver da sala, onde abria a última janela.
Não corria uma brisa... Sentia-me sem ar. Lá fora também não o havia...
Num ritmo oscilante, os relâmpagos repetiam-se. Em simultâneo, a minha sensação de asfixia permanete, acompanhava o mesmo ritmo.
Gotas de água começaram a chorrar do céu...
Caíam pesada e incessantemente, de uma altura inatingível... O Céu desabou naquele momento.
Do alto da minha janela rasgada... desabei... inexplicavelmente...
Sem pressa, soltava-se a dor que me magoava e me impedia de respirar...
Sem pressa, bebi da cumplicidade da chuva que, ao refrescar-me o rosto, se misturava com a minha torrente intempestiva...
Não sei quando parei... Deixei-me ficar...
Like anyone would be
I am flattered by your fascination with me
Like any hot-blooded woman
I have simply wanted an object to crave
But you, you're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight
Must be strangely exciting
To watch the stoic squirm
Must be somewhat heartening
To watch shepherd need shepherd
But you you're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight
Like any uncharted territory
I must seem greatly intriguing
You speak of my love like
You have experienced love like mine before
But this is not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight
I don't think you unworthy
I need a moment to deliberate
* Hoje, 15 de Outubro, dia Mundia da Dor
STRESS AND THE CITY - Living in a big City can be fantastic but also overwhelming. Since I moved to London, I've been living some of the most challenging moments of my Life. I'm bringing my experience of moving here alone, with nothing but the certainty of how much I wanted to stay and develop myself here. My posts will touch thoughts, personal and professional experiences, failure and success, new and old friends and how much all this is shaping the person I'm becoming.
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Monday, October 15, 2007
A Dor da Dor *
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