Os Xutos simbolizam o rock nacional e o movimento pós-punk em Portugal. Isso não há dúvidas. Não só através da sua música mas também da sua imagem. Fizeram parte da minha adolescência e contribuíram para toda a minha irreverência, incluindo a pequena dose que ainda tenho hoje.
Transversais, são hoje admirados por todas as classes sociais e pelo menos duas gerações de pessoas.
Mas nem sempre foi assim. É bom lembrar que até 1985 os Xutos não chegavam a todos. Eram só para alguns outsiders, que, como eu, sonhavam um dia ter o estilo de vida semelhante à dos Xutos.
Em 1987 com o lançamento do Circo de Feras - produzido pelo Carlos Maria Trindade - e um ano depois com álbum 88, os Xutos & Pontapés chegavam finalmente à ribalta e atingiam, a meu ver, o auge quer no ponto de vista técnico quer no ponto de vista da composição musical.
A partir dos Gritos Mudos no início da década de 90 começa, na minha opinião, o declínio da banda. Um declínio mais musical do que propriamente comercial. A verdade é que com o aparecimento de novas bandas os Xutos tiveram dificuldade em inovar e optaram por se manter fiéis aos seus ideais e ao seu som. São por isso uma banda igual a muitas outras por este mundo fora embora no Portugal dos pequeninos tenham estatuto de estrelas de rock.
Quando pensamos em Xutos pensamos logo em Zé Pedro. E é justamente este que, na minha opinião, é o elemento mais fraco no ponto de vista técnico. Por outro lado, o João Cabeleira que é o mais discreto da banda, vejo-o como o insubstituível. É, para mim, o responsável por toda a sonoridade rock que caracteriza o som dos Xutos. Já o Tim nunca teve na voz um instrumento perfeito mas conseguiu, melhor do que ninguém, transmitir a crueza necessária que o rock exige, ocultando por detrás do seu timbre, o vazio que a poesia das suas letras transmite.
Os Xutos não são por isso nenhuns tecnicistas virtuosos. São hoje um fenómeno de massas que, longe dos lemas de outros tempos - o “sex, drugs and rock’n’roll” - conseguiram iludir, de uma forma brilhante, toda a opinião pública e ocupar um lugar de destaque no panorama musical e que - justiça seja feita - é mais do que merecido.
Mesmo assim, apesar de todas estas fraquezas, os concertos do Xutos continuam a ser os meus preferidos. Pelo espectáculo em si, pela sonoridade e pela energia que transmitem, no próximo faço questão de levar o meu filho pela primeira vez.
Quanto à música nova já não é bem assim. Apenas a um mês do lançamento do novo álbum confesso que não estou em pulgas. O mais certo é vir mais do mesmo. Quem me dera que me conseguisse surpreender com novas músicas dos Xutos & Pontapés.
Parabéns aos Xutos pelos 30 anos!
Sex & Drugs & Rock & Roll (Ian Dury and the Blockheads - 1977)
Transversais, são hoje admirados por todas as classes sociais e pelo menos duas gerações de pessoas.
Mas nem sempre foi assim. É bom lembrar que até 1985 os Xutos não chegavam a todos. Eram só para alguns outsiders, que, como eu, sonhavam um dia ter o estilo de vida semelhante à dos Xutos.
Em 1987 com o lançamento do Circo de Feras - produzido pelo Carlos Maria Trindade - e um ano depois com álbum 88, os Xutos & Pontapés chegavam finalmente à ribalta e atingiam, a meu ver, o auge quer no ponto de vista técnico quer no ponto de vista da composição musical.
A partir dos Gritos Mudos no início da década de 90 começa, na minha opinião, o declínio da banda. Um declínio mais musical do que propriamente comercial. A verdade é que com o aparecimento de novas bandas os Xutos tiveram dificuldade em inovar e optaram por se manter fiéis aos seus ideais e ao seu som. São por isso uma banda igual a muitas outras por este mundo fora embora no Portugal dos pequeninos tenham estatuto de estrelas de rock.
Quando pensamos em Xutos pensamos logo em Zé Pedro. E é justamente este que, na minha opinião, é o elemento mais fraco no ponto de vista técnico. Por outro lado, o João Cabeleira que é o mais discreto da banda, vejo-o como o insubstituível. É, para mim, o responsável por toda a sonoridade rock que caracteriza o som dos Xutos. Já o Tim nunca teve na voz um instrumento perfeito mas conseguiu, melhor do que ninguém, transmitir a crueza necessária que o rock exige, ocultando por detrás do seu timbre, o vazio que a poesia das suas letras transmite.
Os Xutos não são por isso nenhuns tecnicistas virtuosos. São hoje um fenómeno de massas que, longe dos lemas de outros tempos - o “sex, drugs and rock’n’roll” - conseguiram iludir, de uma forma brilhante, toda a opinião pública e ocupar um lugar de destaque no panorama musical e que - justiça seja feita - é mais do que merecido.
Mesmo assim, apesar de todas estas fraquezas, os concertos do Xutos continuam a ser os meus preferidos. Pelo espectáculo em si, pela sonoridade e pela energia que transmitem, no próximo faço questão de levar o meu filho pela primeira vez.
Quanto à música nova já não é bem assim. Apenas a um mês do lançamento do novo álbum confesso que não estou em pulgas. O mais certo é vir mais do mesmo. Quem me dera que me conseguisse surpreender com novas músicas dos Xutos & Pontapés.
Parabéns aos Xutos pelos 30 anos!
Sex & Drugs & Rock & Roll (Ian Dury and the Blockheads - 1977)
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