Existe uma sensação de plenitude tão forte, que mais parece que só nos estimula a viver intensamente o Presente, conscientes desse sentido pleno.
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O Sol que, ainda que envergonhado, entrou pela janela do quarto despoletou de imediato o prazer pela Vida "lá fora". Junto da natureza, de pessoas, de amigos.
A música que me despertou, energizou o meu estado de espírito.
Parece que todos os sentidos estavam de tal forma elevados, que me levaram ao transbordar de energia boa!
Não gosto de planos a longo prazo, no que respeita ao meu tempo livre...
Assim, durante o pequeno-almoço revigorante, fui tranquilamente pensando no que me apetecia fazer com todos os "Ingredientes" que tinha à disposição.
As manhãs de Sábado são mesmo extraordinárias...
O ponteiro dos minutos já passava dos trinta minutos depois das onze, mas mesmo assim... era a manhã de Sábado. A minha, pelo menos.
Depois do indispensável duche - não consigo mesmo passar sem água - vesti uma roupa confortável, e saí!
Enquanto descia no elevador, subia o som e escolhia o que queria ouvir... É bom poder escolher o que se quer ouvir, não?...
Ao sair do prédio rumei para junto do Rio, após sucessivos "bom-dia" e "olá, tudo bem?", que me fazem sentir bem e acreditar que, mesmo dentro da grande cidade, ainda há margem para comunidades humanizadas.
Fixei o Sol, e fechei os olhos, para o sentir profundamente no rosto... Haverá coisa melhor? Concerteza muitas, mas esta é sem dúvida uma delas...
Caminhei junto ao Rio mais de uma hora... Deixei-me ir pela vontade de caminhar sem destino ou objectivo. Apenas por prazer.
Olhei para fora de mim... Vi e senti os outros e as coisas à minha volta.
Pessoas bem dispostas, casais novos e mais velhos, crianças a correr por todo o lado, os turistas com as suas cameras fotográficas ou de filmar em punho, assinalando os "marcos" de viagem e da passagem por Lisboa, sacos de compras de Sábado carregados por alguém que ainda guardava o espaço debaixo do braço para levar o Jornal.
Os meus olhos captavam este filme, filtrado pelos óculos-escuros que, para além de permitirem esconder as "olheiras pré-café", eram extremamente úteis para esta observação "semi-voyer", sem quaisquer pretensões.
O café-pingado chegou.
Tinha interrompido a caminhada por uns instantes, porque não dispenso o café da manhã. Sempre com um pingo de leite, para amaciar o trago forte e intenso do sabor dos grãos negros.
Bebo-o puro. Insento de açúcar ou outro adoçante, porque o tornam numa mistela doce, que se assemelha a um daqueles xaropes insuportáveis!
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Do lado de lá da Rede (e da margem do Tejo), chegava o desafio para um almoço em Sesimbra.
Humm... no mínimo, tentador com o bonito Sol que se mostrava em Lisboa.
Mais do que o almoço em Sesimbra... a companhia.
Mas já tinha outros destinos e prioridades, e... segui o meu rumo, ao meu ritmo. E também para Sul, como quase sempre...
De facto, para completar aquele dia, só mesmo uma grande amiga para o partilhar, bem como o resto do grupo que estava já com ela. A Bruxinha, como lhe chamo, é assim! Contagia com o seu carinho, os seus risos e piadas imprevistas, as histórias insólitas... Tem sempre novidades para contar. Umas boas, outras menos boas. Uma amiga recente, mas muito verdadeira e que já deu mil uma provas de que está sempre "lá"!
Fiquei dividida. Mas precisava de dar um pouco de atenção e acompanhamento a uma outra pessoa, e tive de abdicar da excelente proposta. Alguns SMS's mais tarde, e de algumas conversas por telemóvel, lá nos despedimos.
A meio da tarde, fui ver o mar. Entrei na "minha" esplanada e consegui uma mesa mesmo junto à enorme vidraça. O único elemento que me separava do cheiro a maresia, da espuma das ondas, do vento frio e agreste, e da areia humedecida pela chuva.
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O céu, já estava muito negro, e mais uma noite de chuva adivinhava-se. Pedi um chá preto, e uma tosta mista, que são gigantes, feitas em pão caseiro, muito suculentas e cheias de sabor... E entre a tosta e o chá, devorei quase metade do livro que tinha comprado no dia anterior.
Fiz uma pausa, e pensava como as nossas opções moldam os nossos dias, semanas, vida... Se optasse por ir a Sesimbra almoçar, sentir-me-ia culpada por não ter dado a devida atenção a uma pessoa muito importante, que precisava de apoio. Por outro lado, estava ali, noutro lugar, sentindo que teria desapontado uma amiga que já não via há alguns dia.
Nunca nada é perfeito. Há sempre opções, e caminhos a seguir. O que realmente conta é sentir que, no fundo, a nossa escolha foi a mais justa, em função de todos os aspectos inerentes ao momento da decisão. E esta decisão, no meu caso, é tomada sempre com o coração, num sentimento de justiça e amor.
Absorvida pelos meus pensamentos, sou surpreendida por um SMS. A Bruxinha perguntava onde estava, porque ainda tinham tempo de ir ter comigo! Telefonei, e combinámos então. Ela, e o resto do grupo chegariam em breve. Depois, fiquei a contemplar o Mar e a olhar o infinito.
Senti que, na realidade, os dias perfeitos existem! Talvez seja o poder de queremos muito que algo aconteça. Talvez pelo facto de sermos genuínos nas nossas opções. E quando menos damos por isso... acontecem dias assim.
Dias, em que parece que nada nos falta...
1 comment:
é sem dúvida a recompensa da honestidade e da entrega :)
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