Já percebi porque perdi o interesse pelas telenovelas. Ao contrário do que possam pensar, não foi pela fraca qualidade dos actores nem pelos enredos medíocres, mas sim por causa dos cenários e dos adereços.
Estou farto de telenovelas passadas em grandes cidades que mostram apartamentos muito bem decorados e gente muito elegante com roupas muito caras. Por outro lado, também já não posso com aquelas que são passadas no sertão ou numa herdade do Alentejo, com paisagens de perder de vista e pores-do-sol fotográficos em que os actores fingem ter sotaque e vestem roupas campestres.
Ultimamente inventaram umas que são passadas (vejam só ao ponto que isto chegou) no estrangeiro. Os actores aparecem descalços vestidos de hindus e com as caras pintadas. Como espectador exijo uma reviravolta na parte cénica.
Sugiro então uma novela do outro mundo. Os mesmos actores, as mesmas personagens, as mesmas intrigas, os mesmos romances e os mesmos desfechos mas gravados no espaço. Quer dizer não é bem no espaço. Seria gravada na terra mas a fingir que era passada dentro de uma estação espacial. Ou seja, a acção era passada no futuro (talvez no ano 2631) e já não havia planeta Terra. Havia uma gigantesca estação espacial que albergava toda a humanidade.
E isto por quê? Por causa da questão dos adereços. O pessoal está farto de ver os actores com os pés no chão. Acho que era muito melhor inovar e meter os actores a flutuar e a dar cambalhotas no ar juntamente com o resto dos adereços. Com a tecnologia que há hoje é possível. Basta erguer essa gente com uns cabos amarrados à cintura que depois o computador encarrega-se de tirar de lá o cabo.
Não sei se perceberam a subtileza da coisa. O objectivo não é fazer uma serie de ficção cientifica e andar tudo aos tiros com pistolas laser. Era só mesmo mudar os cenários e a movimentação dos actores. Ah, e as roupas claro!
Mantinham-se os mesmos estatutos e desigualdades sociais (porque isso há-de sempre haver), mantínhamos os mesmos conflitos de interesses (dentro de uma estação espacial do tamanho da terra com certeza que dá pano para mangas) e preservávamos os diálogos porque, se formos ver bem, nem são maus. Claro que teríamos que fazer uns ajustes mas o teor seria o mesmo.
A novela podia-se chamar: “Podia acabar o mundo (que nós vamos para o espaço) ” e o par de actores podia ser o Paulo Pires e a Diana Chaves.
Vamos ver um exemplo:
Entra o Paulo Pires a flutuar de barriga para cima dá uma cambalhota para traz e fica em pé a flutuar de frente para a Diana Chaves e diz:
- Amor viste os meus colantes azuis-escuros?
- Já te disse que não quero conversas contigo. O que tu fizeste comigo não se faz.
- Mas amor… Já te expliquei que a Rita é um robô. Está programada para servir à mesa.
- Não me interessa. Não quero saber. Deixaste-me lá fora 10 minutos a flutuar à tua espera.
… e com duas braçadas de bruços flutua lentamente em direcção à porta a chorar.
Paulo Pires não a deixa sair e puxa-lhe o ombro para trás. Logo esse pequeno puxão transforma-se num grande empurrão devido à ausência de gravidade.
- Tu agrediste-me!
- Não amor! Não te esqueças que estamos no espaço. Não há gravidade!
- Ah pois. Tens razão. Desculpa. Estou confusa. - E começa a chorar.
Perceberam como se faz senhores produtores de novelas? Vamos lá a pensar nisto e meter mãos à obra.
Estou farto de telenovelas passadas em grandes cidades que mostram apartamentos muito bem decorados e gente muito elegante com roupas muito caras. Por outro lado, também já não posso com aquelas que são passadas no sertão ou numa herdade do Alentejo, com paisagens de perder de vista e pores-do-sol fotográficos em que os actores fingem ter sotaque e vestem roupas campestres.
Ultimamente inventaram umas que são passadas (vejam só ao ponto que isto chegou) no estrangeiro. Os actores aparecem descalços vestidos de hindus e com as caras pintadas. Como espectador exijo uma reviravolta na parte cénica.
Sugiro então uma novela do outro mundo. Os mesmos actores, as mesmas personagens, as mesmas intrigas, os mesmos romances e os mesmos desfechos mas gravados no espaço. Quer dizer não é bem no espaço. Seria gravada na terra mas a fingir que era passada dentro de uma estação espacial. Ou seja, a acção era passada no futuro (talvez no ano 2631) e já não havia planeta Terra. Havia uma gigantesca estação espacial que albergava toda a humanidade.
E isto por quê? Por causa da questão dos adereços. O pessoal está farto de ver os actores com os pés no chão. Acho que era muito melhor inovar e meter os actores a flutuar e a dar cambalhotas no ar juntamente com o resto dos adereços. Com a tecnologia que há hoje é possível. Basta erguer essa gente com uns cabos amarrados à cintura que depois o computador encarrega-se de tirar de lá o cabo.
Não sei se perceberam a subtileza da coisa. O objectivo não é fazer uma serie de ficção cientifica e andar tudo aos tiros com pistolas laser. Era só mesmo mudar os cenários e a movimentação dos actores. Ah, e as roupas claro!
Mantinham-se os mesmos estatutos e desigualdades sociais (porque isso há-de sempre haver), mantínhamos os mesmos conflitos de interesses (dentro de uma estação espacial do tamanho da terra com certeza que dá pano para mangas) e preservávamos os diálogos porque, se formos ver bem, nem são maus. Claro que teríamos que fazer uns ajustes mas o teor seria o mesmo.
A novela podia-se chamar: “Podia acabar o mundo (que nós vamos para o espaço) ” e o par de actores podia ser o Paulo Pires e a Diana Chaves.
Vamos ver um exemplo:
Entra o Paulo Pires a flutuar de barriga para cima dá uma cambalhota para traz e fica em pé a flutuar de frente para a Diana Chaves e diz:
- Amor viste os meus colantes azuis-escuros?
- Já te disse que não quero conversas contigo. O que tu fizeste comigo não se faz.
- Mas amor… Já te expliquei que a Rita é um robô. Está programada para servir à mesa.
- Não me interessa. Não quero saber. Deixaste-me lá fora 10 minutos a flutuar à tua espera.
… e com duas braçadas de bruços flutua lentamente em direcção à porta a chorar.
Paulo Pires não a deixa sair e puxa-lhe o ombro para trás. Logo esse pequeno puxão transforma-se num grande empurrão devido à ausência de gravidade.
- Tu agrediste-me!
- Não amor! Não te esqueças que estamos no espaço. Não há gravidade!
- Ah pois. Tens razão. Desculpa. Estou confusa. - E começa a chorar.
Perceberam como se faz senhores produtores de novelas? Vamos lá a pensar nisto e meter mãos à obra.
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