Change to English or other language

Monday, October 26, 2009

Gone for a Walk on the Desert...

A decepção que as pessoas nos causam levam-nos a tentar entender as possíveis causas. Não podemos responder por ninguém, mas podemos reflectir um pouco sobre o assunto.

Quantas vezes já esperámos que alguém tivesse uma atitude numa determinada situação e se decepcionou porque a pessoa nada fez ou ainda, se fez, foi algo que estava longe do que esperava? Todos nós sabemos que criar expectativas é o melhor caminho para a decepção, mas qual de nós não espera ser reconhecido, valorizado, não só por aquilo que faz mas, principalmente, por aquilo que é? Sim, nós mesmos devemos nos aprovar, reconhecer e aceitar, mas há relação sem troca?...
O ser humano precisa de quatro condições básicas para viver: 



 - atenção
 - admiração/reconhecimento
 - afecto/amor
 - Aceitação


Ao recebermos isso daqueles que nos são queridos e, especialmente, da pessoa amada, muitas de nossas necessidades emocionais são satisfeitas. Mas se não recebemos, a tendência é nos sentirmos sem valor algum e, assim, tudo fica vazio, sem sentido de existir.
Claro que não podemos nem devemos colocar nosso valor - enquanto pessoa - nas mãos de alguém, mas quem não espera um abraço num momento de dor? Uma mão estendida, quando perdido? Uma palavra amiga quando nos sentimos fracos? 



Qualquer necessidade que temos, sobretudo nossas necessidades emocionais, quando não supridas, geram insatisfação, decepção, e alguns conflitos internos que nem sempre percebemos. E quando isso ocorre é inevitável que nos sintamos desamparados e totalmente perdidos.

O que mais queremos é que a pessoa que amamos esteja ao nosso lado, incondicionalmente, que chegue o mais perto possível daquilo que esperamos e sentimos em nosso coração, e quase sempre, suas atitudes, ou a falta delas, se fazem tão distantes de nós e daquilo que necessitamos, e neste momento constatamos uma cruel realidade: estamos sós! 


Muitos de nós pedimos e esperamos tão pouco, que até esse pouco algumas pessoas são incapazes de nos dar: um abraço, uma atenção, uma palavra, carinho, compreensão, apoio, exactamente num determinado momento que mais precisamos.
Algumas pessoas dizem amar e sequer percebem o pedido de socorro daqueles que gritam por amor e atenção. E esse grito pode se transformar em diversas formas de amenizar uma dor... seja comendo, bebendo, dormindo, trabalhando excessivamente, enfim, tentando fugir do que tanto dói. Tudo para preencher um vazio que nada parece conseguir ocupar.

Na verdade, quem não consegue se doar, ouvir o outro, é porque não consegue ouvir nem seu próprio sussurro numa noite silenciosa. Ignora o outro na mesma proporção que ignora a si mesmo. 

Choramos, e em lágrimas acabamos por adoecer. Sentimos a dor em nossa alma e mesmo quando olhamos ao lado e vemos que há alguém, ainda nos sentimos completamente sozinhos, nos sentimos mais desvalorizados, menosprezados... Nos sentimos sós no amor que expressamos, na dor que sentimos. Sós na atenção esperada e no desprezo recebido. Sofremos, sim, quando esperamos atenção que nunca recebemos, em palavras que nunca se transformam em atitudes que se concretizam. 
Passam minutos, horas, dias e meses que se transformam em anos e continuamos a permitir que nosso sofrimento se estenda. 


Sofremos pela nossa própria falta de atitude ao aceitarmos que tal situação se mantenha. Sofremos quando não temos coragem de dizer "basta"! 

Sofremos quando não nos sentimos amados, não recebemos atenção, não nos sentimos importantes, quando nossas necessidades e nossos sentimentos não são respeitados. Mas, com certeza, sofremos muito mais quando nos sentimos incapazes de dar tudo isso a nós mesmos, independente da situação externa.

É necessário mergulhar em nós mesmos... ir bem fundo... Recordar as inúmeras situações difíceis que já se conseguiram superar. Essa mesma força ainda está aqui dentro. Acreditar é preciso!

Encontrar a nossa força, a coragem, a determinação, muita esperança e fazer algo por nós, apenas e simplesmente por nós mesmos! 

No meio de tanta dor é possível sempre aprender e crescer! Considere sua realidade e não as ilusões que criou em função de suas necessidades. O mais importante é recordar sempre que a atenção e o amor por nós mesmos só dependem de nós!


Dedico este texto a uma amiga muito querida que nos deixou... Hoje, sem música...



No comments:

Countries & Cities Where I've Been.