Faltam apenas algumas horas para o final de mais um ano... Acho que nunca estive tão ansiosa por ver um ano pelas costas como em 2010.
Não sou fã das festas de passagem de ano. Sinto uma euforia um pouco histérica à minha volta, que fervilha pelas lojas em busca do acessório perfeito para esta noite, em particular. Interrogo-me o porquê desta euforia com data marcada. Afinal de contas, o que nos separa de outro ano é apenas... mais um dia. Porque razão se faz tanto alarido por causa de... um novo dia que, por insistência da passagem certeira do tempo, simplesmente nos acorda também para um novo ano?
Desde bem pequena que me lembro de como esta época é especial. Nascemos e tornamo-nos adultos habituados a este entusiasmo e continuamos pela vida fora a "correr" para encontrar um programa, um destino, e claro está, a "imagem" perfeita a condizer com a festa e o ambiente.
Não acredito em celebrações com hora marcada e, se não me apetecer festejar, não festejo, apenas porque todas as outras pessoas estão a celebrar a passagem de um ano para o outro naquele dia. E porque não celebrar a passagem de cada dia, quando chega a meia-noite? Ou assinalar a passagem de cada mês? Nunca vi uma celebração a nível mundial para celebrar a chegada da Primavera, por exemplo!
Não acredito em celebrações com hora marcada e, se não me apetecer festejar, não festejo, apenas porque todas as outras pessoas estão a celebrar a passagem de um ano para o outro naquele dia. E porque não celebrar a passagem de cada dia, quando chega a meia-noite? Ou assinalar a passagem de cada mês? Nunca vi uma celebração a nível mundial para celebrar a chegada da Primavera, por exemplo!
Associado a estes eventos de final de ano, vem sempre o negócio. São muitos os restaurantes, os hotéis, as companhias aéreas que aproveitam esta época mais "festiva", "happy and gay", para refinar ementas, ofertas, e... preços, claro. Preços que variam entre os 200 e os 1200 euros. Claro, há quem gaste mais, e... muito menos.
Mas no final de tudo isto... entre a busca pela euforia vivida na multidão em uníssono com o Mundo e o stress emergente que esta urgência despoleta, pergunto-me se de facto as pessoas realmente celebram o que quer que seja e se divertem verdadeiramente ou... simplesmente pagam por um divertimento globalmente marcado no calendário, socialmente obrigatório, evitando assim o risco de se ser olhado de lado, caso não tenham um alibi divertido para a noite de todos os fins e de todos os inícios?... E se possível com fotos que comprovem a dita e que possam distribuir pelas galerias das redes sociais.
Será que a diversão se procura por ser mais uma forma de nos encaixarmos socialmente ou porque queremos (e temos vontade naquele dia) celebrar a ocasião?
Nas opiniões que se recolhiam nas ruas de Nova Iorque eram várias as respostas a esta pergunta, sendo que a esmagadora maioria afirmavam que procuravam passar o tempo, nesse dia e sendo NY uma cidade gigantesca, certamente haveria sempre alguma coisa para distrair, ver ou fazer ao longo do último dia e noite do ano. Apenas uma minoria dizia querer, assumidamente, celebrar a "sobrevivência" à crisel global de 2010, justificando assim a sua aparente alegria.
De facto, "tristezas não pagam dívidas" e, nunca como agora, este ditado voltou à boca da população. A urgência pelo divertimento é um volte-face à esmagadora maioria dos dias em que as pessoas vivem vidas apáticas, um pouco cinzentas e monótonas, esquecidas de como tirar partido dos pequenos momentos. Acho que Humanidade necessita cada vez mais de grandes eventos para poder "distrair-se" e "passar o tempo" para, numa última investida, colorirem a sua vida, mesmo que por breves instantes.
Neste novo ano, com o cenário de uma crise agravada, talvez fosse importante trazer cores a todos os nossos dias porque... é importante reaprender e descobrir os pequenos prazeres nas conversas do dia, nas pessoas de quem se gosta, nos livros, numa música, em fotografias passadas, num bom vinho e num prato especial, na viagem para o trabalho, entre muitas outras coisas... Aprender ou reaprender a viver com menos, mas para usufruir mais.
Boas entradas em 2011.
Take care.
Love,
Birdie
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